23.08.2016

Artigo – O homem e sua condição de eterno aprendiz

Para o Sistema Montessori de Educação “o ponto de chegada” é tornar a pessoa capaz de realizar a sua missão no mundo pelo que ela se faz agente principal de Deus na Criação. Desta concepção, a existência pessoal não é o desenvolvimento mecânico de potencialidades pré-determinadas ou pré-definidas, mas uma contínua pulsação, uma ininterrupta disputa entre a exteriorização e a interiorização. Significa que a pessoa se expõe, confronta-se com possibilidades e obstáculos, percebe-se que existe projetando-se fora de si face ao real, mas ao mesmo tempo busca em seu interior o élan, a luz de como desvendar e encontrar o bem, a verdade, o amor, a felicidade e outras legítimas aspirações.

A condição de aprendiz caracteriza a pessoa em sua caminhada à excelência humana. Como ser histórico, sempre é possível ao homem descortinar mais horizontes do seu próprio universo e do universo em que está inserido, datado e situado, podendo, portanto, dar maior significado ao seu existir e ao mundo que o contém. Com isso fica instaurada a visão da pessoa como processo. O processo dessa educação como acontecimento contínuo, leva o homem a tomar consciência do seu estado de evolução permanente. Banhado de temporalidade, realizando-se nas contradições, corrigindo o seu processo em atitude constante de criticidade, realizando o seu projeto, dialogando mediatizado pelo mundo e suas relações, realiza a cultura, se educa e educa os outros.

A tarefa educativa deve ter presente a visão de mundo e a relação homem-mundo, pelo que, cresce no educando a consciência de responsabilidade, o sentido de respeito, a necessidade da disciplina, o desejo pela autoeducação, a alegria pela sua evolução humana e espiritual.

Por isso, numa escola montessoriana se cuida para que a criança se torne pensador independente, que ‘aprenda a aprender’.  Ao invés de memorizar conteúdos ela é estimulada a formular conceitos, juízos de valor e compreensão sobre os assuntos em estudo, a relatar fatos com suas próprias palavras, a assimilar e reescrever conteúdos significativos para a trajetória acadêmica, a pesquisar aspectos referentes ao aprendizado em foco, a fazer conexões com outras áreas de conhecimento ampliando, aprofundando, revendo e aperfeiçoando seu processo de aprendizagem.

Tudo isso, em vista da pessoa crescer na compreensão do papel que tem a desempenhar. É muito importante que ela tenha algum entendimento e verdadeiro registro sobre outras culturas, que saiba respeitar diferenças de pensamento, de costumes; que não se cristalize em sua própria visão, mas que se abra ao que a ultrapassa e transcende,  pois, é justamente nisso que reside o encantamento de sua condição de eterno aprendiz.

 por Irmã Marli C. Schlindwein

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